sexta-feira, 9 de abril de 2010

Conflitos

A adolescência por si só já é muito complicada, não bastasse toda a modificação do corpo (notória) ainda tem a dosagem de hormônios, os conflitos psicológicos, a crise em saber quando ainda é criança e quando se comportar como adulto. O que os amigos esperam de nós? O que as meninas admiram? Se eles entendem demais as meninas, podem achá-lo fraco (meigo demais), por outro lado, se faz o tipo durão, é grosso ou “tosco”...
É muita coisa junta...
Os pensamentos não conseguem ser tão rápidos quanto a visão de todas as imagens que passam na mente.
Na verdade, nem conseguem concluir um pensamento, já estão pensando em outra coisa.
Este é o conflito (para eles o máximo sofrimento) pelo qual nossos filhos estão passando.
Quando me deparo com todos estes conflitos, tento lembrar-me de do que sentia em relação a determinados episódios, mas confesso que isso não tem me ajudado muito, porque apesar de já ter passado muito tempo (quase 30 anos), determinados momentos, não sei o que dizer, nem como orientar. Não sei ao certo se isso acontece porque os tempos são outros, ou se porque as batalhas de hoje parecem maiores.
Sempre pensamos que a vantagem de envelhecermos esta na bagagem que carregamos, e isso tem muito sentido – para determinados assuntos ou posturas - mas quanto mais eu aprendo mais eu me defronto com palavras amargas e difíceis de ingerir. Por mais que eu tente ensinar o pouco que eu sei, não consigo evitar que pessoas que eu amo se machuquem com atitudes e situações que não precisariam existir!
Já tive oportunidade de vivenciar muitas dificuldades com relação a sentimentos mesquinhos, baixos e desprezíveis - foi duro, foi pesado, foi ruim, a na época, parecia que os dias, levavam anos para passarem. Hoje, olhando para trás, percebo que passou, sei que passa, mas as marcas que deixam são profundas e algumas deixam cicatrizes difíceis de esconder.
A discriminação e a exclusão se apresentam de tantas formas, que muitas vezes quase passam despercebidas, mas uma ou outra atitude faz com que elas floresçam e atinjam sempre as pessoas que são mais reticentes, mais vulneráveis, mais sensíveis e também as que tem muito mais dificuldade de expressar seus sentimentos.Estas pessoas sofrem muito mais, porque travam sozinhas as batalhas que a mente impõe. É realmenteuma lástima que não possamos trocar de lugar com elas, sim, porque eu gostaria de “rodar a baiana”, levantar e sacudir a poeira e dar a volta por cima, mas não posso fazer pelos outros, isso tem que partir deles........... E então, volto ao mesmo ponto: pessoas sensíveis e vulneráveis sofrem muito mais porque não conseguem pedir ajuda.
A Rosi, num depoimento dela no blog, disse que gostaria de voltar a colocar o filho dentro do útero, para ficar ali, bem quietinho e protegido..... Ah, Rosi, como eu gostaria de fazer isso, mas não o deixaria ali para sempre, queria fazer isso só de vez em quanto, só quando as coisas ficam mais pesadas, só quando sentimos que eles não estão conseguindo lidar com determinadas pressões; então, lembro da Maroca que diz: - Isso faz parte do crescimento.
Sei disso Mara, mas de qualquer forma dói. Quando algo atinge nossas crias, todo nosso discernimento sobre todos os assuntos ficam sem sentido, parece que nossa razão some, é só o coração que fala.... Ou melhor: Grita!!!
Arlete

3 comentários:

  1. Arlete, agora entendi melhor as tuas palavras. Infelizmente temos que deixá-los crescer e passar pelos desafios da vida. Sabemos como é dificil a concorrência e a disputa neste mundo tão louco. Eles tem que aprender, como sempre digo, faz parte do crescimento. bjs Mara

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  2. Arlete,
    Muito mais do que te entender o que está te preocupando, posso afirmar que sei bem do que se trata,é díficil, e o pior conflitante, somos pais modernos, do século 21, e é exatamente por isto que resolvi assumir em determinaods momentos, a postura de mãe ( à antiga) e visitando o passado, lembrei dos "carrascos" dos meus pais, e hoje só tenho a agradecer tudo o que fizeram por mim.
    Tenho certeza que nosso filhos, mas adiante vão reconhecer , alguns do limites que estamos impondo a eles e saberão valorizar nossa postura, até porque, amor, amizade e cumplicidade é tudo o que espero que meu filho encontre em mim, e hoje acredito que ele já consegue ver uma pontinha disto, até pela confiança que tem depositado na gente, conversando e questionando muita coisa.

    Rosi

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  3. Conflitos, quem não os tem?

    Angústias,dúvidas, incertezas fazem parte dos nosso dia-a-dia.
    E quando se trata de filhos, então...
    Eu tenho dois, um de quase 14 e outra de 35 anos. Não me enganei não, a diferença de idade é esta mesmo.Toda esta conversa para dizer pra vocês que os filhos crescem, criam asas, voam, uns mais, outros menos, mas nós continuamos sempre querendo tê-los no colo, querendo protegê-los, sofrer por eles, poupá-los das agruras da vida...Mas não dá.
    Cada um tem seu próprio caminho, tem que aprender a solucionar seus problemas...podemos ajudar, claro que sim, mas não é sempre...E o pior é que não importa o quanto eles cresçam,o nosso sentimento em relação a eles será sempre o mesmo.
    É o que eu posso dizer.
    O melhor que temos a fazer é, nós as super mães, aprender a lidar com estes sentimentos e procurar sofrer o menos possível.
    Isto não é privilégio de vocês amigas, Arlete e Rosi, todas sentimos o mesmo, a diferença é que cada uma de nós reage de maneira diferente. Beijo gurias e bola prá frente!
    Lizete

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